Eu vejo as paredes desmoronando ao meu redor, mas já não me sinto capaz de construir-las de novo.
Sua última chance de se render seria agora, então volte pra mim..
Más faça isso logo, pois não aguento mais essa tortura, quero ver tudo isso acabar.
Minhas lagrimas correm com o tempo,
tentando limpar a alma de alguém que perdeu tempo demais procurando uma razão para dizer adeus.
Não existe uma razão para isso, então não vá.
Não vivo sem você, não consigo respirar sem você e sua ausência me faz mal.
Minha vida não dará certo se não estivermos juntos, por favor não vá embora de vez.
Por favor, não se vá.




A triste menina já estava cansada de desabafar para uma folha de papel qualquer, mas como não o fazer se todos a sua volta não eram obrigados a escutar as ladainhas que já pareciam ensaiadas? Então ela escrevia loucamente, como se fosse aquela a única folha de papel na qual pudesse despejar os delírios, a raiva, a incompreensão ou a compreensão exagerada, a acidez, o amor, a dor, os sonhos, tudo.
Sempre os desabafos se davam pelo amor e pelas lágrimas, ou pelo amor e sorrisos tristes que ela tanto ensaiava.
Só que agora ela precisava despejar naquele papel as palavras mais profundas e ácidas instaladas em seu peito que poderia encontrar, não se preocupava em definir situações ou sentimentos, porque talvez na raiva coubesse tudo o que teria no dicionário.
Era simples: Ela estava cansada e inconformada. Cansada de tanta infantilidade da parte de quem se achava o mais adulto de todos e o namorado perfeito. Não, ele não era adulto e tampouco o namorado perfeito. E inconformada por tanto desleixo e tanta mediocridade que poderia existir naquele copo de orgulho frio que parecia os atos e palavras de quem ela dividira o colchão e até mesmo a escova de dente por mais de dois anos. Mesmo que tenham sido apenas uns 790 dias entre indas e vindas da casa de um e outro, mas se era mais de uns dois ou três meses - data limite e prazo de validade para todos os seus outros relacionamentos -, era sinal de que importava e não era banal como agora parecia (isso dói, martiriza, me sufoca).
Então vinha a pergunta de "como aguentei todo esse tempo?" ou "como não enxerguei isso antes?", ou pior, "como ele pensa essas coisas de mim?", perguntas cruéis e amargas, não? Mas era isso mesmo. Como pôde?

E a toda lembrança de atos infundados, as doces palavras da escrita diminuía e agora parecia beirar os dois e alguma coisa, e dessa vez não se sentia culpada em deixar o tampão de lado porque queria que tudo se ferrasse, assim nesses termos chulos e baixos mesmo. Poesia simplesmente não existia para o que fora um relacionamento à beira do colapso a cada palavra mal dirigida, ou a silêncios profundos que respondiam mais do que o ouvir da sua voz, ou mesmo aquelas crises tolas pra você e torturantes para mim. Culpa da maldita crise, era a desculpa que ele usava para justificar as interrogações, os medos e tudo mais dentro de si.
Mas agora, tudo é diferente. Um laço eterno entre eles dentre aqueles dias que passaram juntos, se formou.
E mesmo com isso, ele era indiferente, seguia como se nem a conhecesse.
O orgulho, o amor deles dois destruiu,
as cartas de amor um dia escritas, jamais seriam novamente lidas.
E o sentimento profundo que ela sentia por ele?
ah, esse continua ardendo de dor e de amor.