Sempre fico escondida, comendo longe de todos, ficando longe de todos. As pessoas passam no corredor, ocupadas com seus celulares, amigos, namorados ou ego, nunca reparam em ninguém além delas mesmas. Sempre sorrio, nunca mostro o que simplesmente sinto.. as pessoas não se importam mesmo, até me fazem passar despercebida. Pego meus livros, o meu caderno e me isolo, finjo que estou ocupada estudando para a prova de biologia, escondendo minhas lágrimas dentre as folhas, escondida, sem me importar em molhar as páginas. Elas estão acostumadas com a chuva que cai em cima delas todos os dias. 

Apenas queria que alguém perguntasse meu nome, apenas perguntasse como eu estou, me fazer sorrir, mais as pessoas estão preocupadas demais com suas vidinhas. Até tentei ser amigável, tentei me enturmar, tentei me “encaixar” mais as pessoas não querem sua reputação afetada por alguém. Por alguém que elas julgam ser insignificante. Alguém que destruiria seu ego, como a maré passando por cima de um castelo de areia. Apenas fecho os olhos verdes e vejo os dias passarem, contando o tempo, vivendo meu sofrimento, tentando me controlar, ali, escondida, sozinha, tentando fazer com que as lágrimas parem...

tentando forçar novamente um sorriso, tentando ignorar o olhar de reprovação e as reviradas dos olhos das pessoas, cochichando e dando risadinhas irônicas (odeio isso).

As pessoas são monstros, não se põem no lugar das outras que fazem tanto sofrer. Se elas se colocassem iriam arregalar os olhos e ver o quanto elas podem ser más e egoístas. Às vezes apenas precisamos de alguma palavra, mesmo que seja por acaso, isso faz nos sentirmos melhores, mais não é bem assim com as pessoas. Elas me forçam a ficar ali, escondida, comer minhas barrinhas e tomar a minha coca sozinha, chorar sozinha, querer gritar desesperadamente e fingir um sorriso. 

As pessoas podem ser mais cruéis do que pensamos.

Até que um dia, um rapaz de olhos encantadores sorriu pra mim, conversou comigo, me fez sentir melhor, me fez sorrir verdadeiramente, sem precisar forçar, e desde desse dia, sempre tive alguém pra cantarolar comigo ali, escondida e alguém com quem eu podia dividir as minhas barrinhas.

E meus livros nunca mais ficaram molhados. Nunca mais precisei enterrar meu rosto neles...

até o dia em que ele partiu!


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