Uma garota que tinha em suas mãos uma caixinha de ouro,
Revestida em seu interior com a cor de seus pensamentos e com a maciez do cetim.
Um azul escuro que brilha a luz da Lua,
Detalhes em pura seda de um tom mais claro, quase cor de céu ao meio dia.
Delicadamente colocado em meio á tanta doçura,
Repousa um cordão de ouro que tem como pingente um lindo coração.
Essa garota o guarda tão bem, com tamanho esmero que ao menos abre a caixa
Com medo de que algum ladrão de sonhos se aposse de seu bem mais precioso...
Um dia, porém, a garota cansada de tanto guardar a caixa adormeceu
Era uma linda noite de inverno.
Suas mãos delicadas estavam gélidas e seus lábios arroxeados
Sua face estava tão vermelha quanto seu sangue que também congelava,
O vento cortava-lhe a pele, e mesmo assim, ela sorria em meio ao seu sono
Como se sonhasse com um mundo de maravilhas,
O seu mundo cor de céu.
Aproximou-se dela um elegante cavalheiro
Belo e de palavras doces, que passava por ali e vira a caixinha de ouro
Com olhos cheios de interesse e malícia
E pensamentos maldosos
Foi aproximando-se da bela que dormia seu sono tão doce...
Suavemente o rapaz apossou-se da caixinha de prata e levou-a consigo
Deixando com a garota apenas um beijo amargo na face.
Andou pela noite articulando planos em sua audaciosa mente
Pensando no que faria com aquela peça aparentemente tão valiosa
No entanto, a curiosidade era tamanha que teve de abrir a caixinha
E qual foi a sua surpresa ao ver que dentro dela repousava um lindo cordão de ouro
Tendo como pingente um coração...
O cavalheiro então pode perceber o motivo de tanto cuidado que a pequena jovem tinha com a caixa
Dentro dela estava tudo o que ela mais amava
Era tudo o que possuía e guardava com medo de ser roubada.
E ele, a roubara
Ele tirara da garota o único bem que ela possuía a única coisa pela qual ela mantinha um vínculo.
Sim, ele havia destruído o pouco que restava dos sentimentos da bela ninfa... Era ele o ladrão de sonhos que ela tanto temia.
Não fez nada. Seguiu seus passos sem sequer olhar para trás...
A garota, porém, ao acordar, viu que fora roubada
Arrancaram-lhe o que possuía de melhor. Por um mero descuido tivera seu bem tão precioso furtado...
Agora, não lhe resta mais nada a não ser perambular pelos campos em busca de seu coração
Não mais possui noites calmas e sonhos belos com seu mundo cor de céu
Agora o próprio céu encontra-se na penumbra
O seu alvorecer tornou-se vermelho, cor de sangue
E suas lágrimas, tão frias quanto sua pele mórbida.
Pobre alma...
Tudo o que deseja é ter novamente sua caixinha de ouro,
Com seu colar que tem como pingente um coração...
Revestida de um tecido com a cor de seus pensamentos, detalhado com a seda cor de céu ao meio dia...
Ela... Só deseja poder sorrir.


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