Parece que sou poeta
Apenas quando estou triste
Quando meus verdes olhos
Estão a chorar.
Quando este meu peito tão ferido
Põe-se a soluçar.
Parece que sou poeta
Apenas quando chove mansamente
Quando a dor se aproxima lentamente
Fazendo-me novamente suspirar.
Parece que só consigo rimas
A partir da minha dor
Pois,
quando alegre,
Meus versos se transfiguram
Em doces contos de amor.
Parece que sou poeta
Apenas quando estou triste,
Quando minhas pobres e frágeis asas
Já não aguentam mais voar.
E quando tudo é escuridão,
Mais segura eu me sinto
E sozinha me ponho a caminhar.
Mas esta solidão é tão triste
Que minha alma aos céus implora
Pelo direito de enfim sonhar.
Parece que sou poeta
Apenas quando estou triste,
Quando meus versos estão a rimar
Então larguei a arte
Por querer somente viver e sonhar.
Se sou poeta apenas quando estou triste
Então não mais me apetece
Meus sentimentos para o papel transcrever...
Dedico-me aos contos
Pois assim, eu poderei sorrir.
Aqui fica a alma morta da triste e antiga poeta
Aqui se mostra uma outra alma a florir.
Dentre o vale das sombras
que de dor jamais viveras novamente.


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