O que todos dizem é que logo antes de morrer, nossa vida inteira passa diante de nossos olhos, como um filme..
mas não foi bem assim.
Para dizer a verdade, nunca gostei muito dessa idéia de rever tudo no momento final da minha vida. Algumas coisas ficam melhores mosrtas e enterradas, como diria a minha avó.
Eu ficariz muito feliz em esquecer todo o meu quarto ano, por exemplo (a fase de ter buchechas gordinhas, ser baixinha, e andar toda de rosa que nem a bonequinha da mamãe). Acho que ninguém iria querer reviver o primeiro dia do ensino fundamental, não é mesmo? Sem falar de todas as férias chatas em familia, as aulas de quimica sem o menos propósito e vontade, as cólicas mentruais e aquelas gororóbas que minha mãe me obrigava a comer que não esqueço até hojê.
A verdade, apesar disso tudo, é que eu não me importaria em reviver meus melhores momentos: Quando fiquei com o meu amor pela primeira vez - e minha festa de aniversario de 9 anos quando todos os meus amigos estavam presentes e minha mãe fez todos os meus gostos - o primeiro ano do ensino médio quando ao final de todas as aulas, o pessoal se reunia no beco para beber, comer, e rir bastate - a apresentação de dança na qual dançamos pussycat dolls ou mesmo aqueles sabados em que eu dormia na casa de Eliane e tiravamos muitas fotos, comiamos, e conversavamos a respeito da vida. São estas as coisas que eu gostaria de lembrar, e pelas quais eu gostaria de ser lembrada.
Mas antes mesmo de morrer, não pensei no beijo, não pensei na apresentação de dança, nos momentos no beco e em nada do que eu queria ter pensado. Não pensei nas coisas escandalosas que havia feito com minhas amigas. nem se quer pensei na minha familia, nem na maneira como a luz da manhã pinta de creme as paredes do meu quarto, nem no perfume das flores dos jardins da casa da minha avó.
Ao em vez disso, pensei em Ronald Huldson.
Mais especificamente: Pensei em quando, no mês de setembro, Ronald disse que teria dois meses para mudar a minha vida, disse tudo que iria fazer, palavras confortantes, gestos delicados, "quero ver você sorrindo", "pode sempre contar comigo pekena", são estas coisas que não esquecemos, é isso o que fica gravado em nosso subconsciente e em nossos corações.
(...) E foi disso que eu me lembrei naquele instante que antecede a morte - destas palavras de Ronald Huldson, quando, supostamente eu teria uma grande revelação sobre meu passado: dos pensamentos que me aflingiam, do cheiro de tinta fresca da parede do meu quarto, do sabor daquele suco que tomei naquela noite enquanto conversava pela internet.. ah, estas lembranças...
O rosto de Ronald Huldson.
É estranho, pois eu nunca parei para pensar detalhadamente naquele momento, é uma daquelas lembranças que você nem se lembra que está ali. Não que Ronald não seja especial o suficiente para eu me lembrar, mas doi a situação, a maneira como tudo aconteceu.
A questão é: você não tem como saber quando a morte ira chegar, e as lembranças que você ira se lembrar ..
Você não acorda com uma sensação estranha no estômago. Não vê sombras como naqueles filmes de terror em que a morte vem te buscar, o barulho no carpete, o telefone tocando, a janela batendo, a luz se apagando e o vendo fazendo com que a cortina de seda branca se mova.
Você nem se quer lembra de dizer aos seus pais que os ama, ou no meu caso, nem mesmo se despede deles.
Se você é como eu, que acorda 5 minutos e 24 segundos antes do horario em que o seu maior e mais terrivel pesadelo vai levar a sua vida, você sabe o que é ter medo de dormir novamente.


Um Comentário

  1. Enquanto vivos, devemos nos preparar para a morte. Como? Vivendo a vida no limite da vida e não no limite da morte, como o pessoal anda fazendo. A atenção ao assunto é importante sim! Afinal, morrer é mais certo que nascer, não é?
    Que tentemos evitar qualquer atitude que nos faça arrepender!
    "Por isso, cada reencontro é sempre uma celebração.
    E cada despedida, uma repetida sensação de lamento."
    Se tiver que abraçar, que abrace! Se tiver que dizer que ama, que diga!
    E já que é assim, basta lembrar que morremos todas as noites e nem sentimos quando isso acontece. Acredito que do mesmo jeito em que deitamos a cabeça no travesseiro e dormimos "o sono dos justos" quando com a consciência tranquila, morrer nos ofereça a mesma leveza.
    Muito boa a reflexão!
    Escrevi dois posts, um chamado "Premonição" e o outro, "Melhor que o céu, pior que o inferno" que é uma ficção de como pode ser o nosso pos mortem.
    Se quiser dar uma olhada...
    Beijo!

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